Ecos do Tempo é um espaço onde a História ganha voz e ressoa no presente. Cada texto é uma viagem por conquistas, conflitos, saberes e silêncios que moldaram o mundo e ainda ecoam em nós. Inspirado na visão de Molefi Kete Asante — para quem o tempo “vive no presente como herança e acção” — este blogue é um convite a pensar o tempo não como algo que passou, mas como algo que vive em nós.
quinta-feira, 7 de março de 2019
JULIUS NYERERE: O LÍDER INCANSÁVEL
KWAME NKRUMAH E O IDEAL PAN-AFRICANISTA
O Muito Honorável Doutor
Conselheiro Privado Kwame Nkrumah foi um líder político africano, um dos
fundadores do Pan-Africanismo. Foi primeiro-ministro entre 1957 e 1960 e
presidente de Gana de 1960 a 1966.
Kwame Nkrumah é conhecido pela
sua visão de uma África livre e unida e por ter conseguido a independência do
Gana do domínio colonial britânico, em 1957. Mas nem tudo na sua vida foi um
triunfo.
Nasceu a 21 de setembro de 1909
em Nkroful, Gana. Morreu a 27 de abril de 1972, em Bucareste, Roménia.
Reconhecimento
Ficou famoso pela luta pan-africanista, tendo
levado o Gana à independência, em 1957. Foi o primeiro a ocupar o cargo de
primeiro-ministro e Presidente. É substituído em 1966 depois de um golpe de
Estad). Foi um dos pais da Organização da Unidade Africana (atual União
Africana).
Críticas
Chamaram-lhe marxista por simpatizar com o
pensamento socialista. Uma visão que lhe trouxe inimigos dentro e fora do país.
Alguns acreditam que os serviços secretos dos EUA foram responsáveis pela sua
queda.
Inspiração
Nkrumah inspirou-se na luta de
libertação afro-americana. Conheceu Martin Luther King enquanto estava nos EUA
e leu W.E.B. Dubois, sociólogo pan-africanista e ativista de direitos humanos
com quem trocaria ideias. Enquanto estudava na Grã-Bretanha, Nkrumah cruzou-se
com muitos outros africanos que lutaram pela independência, como Jomo Kenyatta,
Haile Selassie, Julius Nyerere e Rupiah Banda.
Frases famosas:
"Não enfrentamos nem o
Oriente nem o Ocidente: enfrentamos o futuro."
"As revoluções são
provocadas pelos homens, por homens que pensam como homens de ação e agem como
homens de pensamento."
"A liberdade não é algo
que um povo pode dar a outro de presente. Reivindicam-na como sua e ninguém lha
pode tirar."
Polémica
Em 2012, foi apresentada uma estátua de
Nkrumah na sede da União Africana, em Addis Abeba. Mas porquê Nkrumah? Na
Etiópia, muitos acharam que devia ter sido o ex-imperador Haile Selassie a ser
distinguido por ser considerado o fundador da União Africana. No entanto, o
primeiro-ministro etíope Meles Zenawi optou por Kwame Nkrumah.
Kwame Nkrumah nasceu na colónia
britânica então conhecida como Costa do Ouro. Em 1930, embarcou num navio rumo
aos Estados Unidos para estudar. Mais tarde, mudou-se para a Grã-Bretanha onde
estudou Direito.
Nkrumah esteve fora do Gana 12
anos e nesse período foi-se tornando cada vez mais ativo em organizações
políticas africanas no exterior. Em 1947, decidiu voltar ao seu país e
insurgir-se contra o domínio colonial. Foi aqui que fundou o Partido da Convenção
do Povo (CPP), que tinha como slogan "Independência já!". Uma década
depois, em 1957, Nkrumah tornou-se o primeiro primeiro-ministro do Gana
independente. Na altura, os seus apoiantes aclamaram-no em massa. Em 1960,
Nkrumah tornou-se o primeiro Presidente do Gana.
"Único e
especial”
"Nkrumah foi especial e
único no sentido em que não pensou apenas no Gana", considera Wilhelmina
Donkor, professora de História da Universidade Kwame Nkrumah. Sonhava com os
"Estados Unidos de África". Uma visão que, lembra Wilhelmina Donkor,
"atravessou o continente". "Foi por isso que na altura da
independência, em 1957, ele fez essa famosa afirmação de que a independência de
Gana só estaria completa quando estivesse ligada à libertação total de todo o
continente", lembra a professora.
Foi esta visão pan-africana que
fez de Nkrumah uma figura venerada além-fronteiras. No entanto, alguns
acreditam que isso fez também com que Nkrumah ignorasse os problemas no seu
próprio país. No início, as suas tentativas de construir uma indústria no Gana
foram promissoras.
Mas após o golpe de Estado que
derrubou Nkrumah em 1966, o país herdou uma economia paralisada e investimentos
avultados em fábricas que não produziam. Nesta altura, os ganeses comemoraram a
saída do poder de Nkrumah.
No entanto, Mike Ocquaye,
historiador e político ganês, chama a atenção para a era pré-Nkrumah.
"Antes da saída de Nkrumah, faziam-se filas no estádio para se conseguir
uma ração de açúcar. É verdade que as fábricas não funcionavam porque começámos
a correr antes de podermos caminhar. Mas é importante que o povo não fale
apenas sobre a visão [pan-africana]", defende.
Além do colonialismo, Kwame
Nkrumah também lutou contra o capitalismo. Era um acérrimo defensor de um
"socialismo africano" que pudesse unir a justiça social e as
tradições africanas. Mas colocar a teoria em prática revelou-se uma tarefa
difícil. A abordagem política de Nkrumah no próprio país era muitas vezes
contraditória com o socialismo sobre o qual escreveu. Uma realidade que,
segundo Wilhelmina Donkor, continua a ser um interessante tema de estudo, mesmo
meio século depois. "Nkrumah era um líder muito interessante porque, por
um lado, parecia ter muita retórica sobre o socialismo, mas, na realidade, nem
todas as suas políticas eram necessariamente de orientação socialista",
lembra a professora.
Fora do Gana, Nkrumah é lembrado
sobretudo por defender vigorosamente a ideia de uma união política africana.
Uma ideia que se tornou, em parte, realidade com a criação, em 1999, da União
Africana, que reconhece Nkrumah como um dos seus fundadores.
segunda-feira, 21 de abril de 2014
MANDUME YA NDEMUFAYO (1894-1917)
NVEMBA NZINGA (DOM AFONSO I)
No verso da carta lê-se o seguinte: “ao muito poderoso e excelente príncipe D. João Rei nosso Irmão” [Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Corpo Cronológico, Part I, Maç.34, Doc. 94].[4]
GRUZINSKI, Serge. La colonisation de l’imaginaire - l’ occidentalisation dans le Méxique. Paris, Gallimard, 1988.
MACGAFFEY, Wyatt. “Dialogues of the deaf: europeans on the Atlantic coast of Africa”. In: Stuart Schwartz, (org). Implicit Understandings. Cambridge, Cambridge University Press, 1994, p.259; Kenny Mann. Kongo, Ndongo, West Central Africa. New Jersey, Dillon Press, 1996, pp.51-53.
THORNTON, John. “The Development of an African Catholic Church in the Kingdom of Kongo, 1491-1750”, Journal of African History, N.25, 1984, p.155.
THORNTON, John. Africa and Africans in the Making of the Atlantic World, 1400-1680, Chicago, The University of Chicago Press, p.108-109.
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